sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Umas coisas desagradáveis que estive pensando

Sobre ter desaprendido a falar meu idioma
Eu não sei se é engraçado ou se é triste, mas a medida que vou perdendo cada vez mais o sotaque brasileiro e errando cada vez menos o espanhol, eu também vou desaprendendo o português. Em dezembro passei uns dias no Brasil com a minha família e misturava palavras dos dois idiomas, esquecia algumas e tinha que pensar uns segundos no que eu queria falar. Além disso, me sentia desconfortável dizendo coisas como “obrigada”, por exemplo. Eu odeio dizer obrigada, eu só quero dizer “gracias” e precisei me esforçar bastante pra nao fazer isso o tempo todo.

Sobre o Instagram e vidas tristes 
Eu nunca fui muito impressionável pelo Instagram. Sigo pouca gente, a grande maioria amigos ou conhecidos, uns poucos músicos, um e outro de decoração e de comida. Nunca admirei instagrammers e muito menos quis ter as suas vidas, inclusive tem umas que me dão pena. Eu provavelmente teria um pouco vergonha se meu trabalho (e minha vida) fosse esse. Eu devo ter pensado nisso por culpa de uma dessas matérias que dizem que o Instagram traz infelicidade (para quem segue essa gente que finge ter uma vida maravilhosa & perfeita). Quando eu vou na aba explorar é pra ver vídeo de gato, foto de bolo, procurar umas receitas, umas ideias de decoração dos alemães, ver como os suecos acomodam suas plantinhas em suas casa iluminadas. Basicamente qualquer coisa que nao seja isso não me interessa.

Sobre não trabalhar com o que sonhava e ser mais feliz assim
Na festa de ano novo que fomos na casa de um amigo conheci uma guria que era jornalista e não trabalhava com jornalismo e o amigo dela que nao era jornalista, mas fazia uns trabalhos grátis numa rádio. Eu disse que eu também era jornalista e não trabalhava mais na área e dias depois fiquei pensando no quão menos estressada e frustrada eu me tornei nesses quase três anos trabalhando com marketing digital em agência. Fazer coisas que tinham algum impacto na vida de uma pessoa (como eu fazia quando era repórter) era sim muito interessante. Mas eu acho mais interessante não me incomodar três vezes por dia, sete dias por semana, porque meu trabalho depende da disposição de terceiros, quartos e quintos. Fora isso, ainda tinha que trabalhar aos domingos, algo que vai totalmente contra a minha religião (a esbórnia). 

Sobre não fazer a menor questão
Sério, alguém acha mesmo que esse negócio de relacionamento aberto pode funcionar para uma mulher hétero? Quantos homens minimamente interessantes podem cruzar o caminho de uma mulher em, sei lá, dois meses? Há quem passe uma vida inteira sem cruzar com um, e, sinceramente, se não for pelo menos um 50% melhor que a média não vale a pena nem lavar o cabelo. Não se trata de ser exigente, se trata de não fazer a menor questão. Entenda que não  me refiro à aparência. 

Sobre não precisar de remédios tarja preta 
Não sei se eu não tinha me dado conta antes ou se as coisas pioraram muito nos últimos dois anos, mas cheguei à conclusão de que faço parte de um grupo pequeno de pessoas que não tomam antidepressivo, comprimido pra dormir, comprimido pra acordar, comprimido pra rir, comprimido pra comer. Uma vez ouvi uma moça dizer que era normal tomar esse tipo de medicamento, que todo mundo tomava. Parece que sou privilegiada (once again). Eu nem insônia tenho mais. Nem aquela insônia de nervosismo, dessas que tu não dorme três dias antes de uma viagem, de uma visita importante, de começar um novo trabalho. Eu também não tenho nenhum problema alimentar. Quer dizer, às vezes eu olho pra minha barriga saliente e minha bunda flácida e penso que poderiam estar melhor, como inclusive já estiveram um dia, penso que talvez menos batata frita poderia ajudar. Dura cinco segundos. Felicidade tem mais a ver com bacon e cheddar do que com bunda dura.

Um comentário:

  1. Descobri um artigo antigo seu a respeito da cena musical de Florianópolis, procurei seu nome e cheguei aqui. e já me sinto órfão.

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