sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Auto-análise


Nos poucos meses em que eu frequentei uma psicóloga preferi focar em outros problemas. Um deles era realmente relevante, o outro não tanto, mas fato é que acabei deixando de lado algo importante. Então, agora serei minha própria psicanalista. Vamos tentar entender por que eu não tenho apego por quase ninguém.
Muito bem. E o que seria não ter apego por quase ninguém?
Hum. Algo assim como “se as pessoas se vão da minha vida, está tudo bem, e também está tudo bem se eu mesm for embora”. Não quer dizer que eu goste de não ter laços, que eu goste de não me relacionar tão profundamente, que eu goste de estar sozinha, de fazer as coisas sozinha ou com a única pessoa que no momento eu dei minha confiança. Não gosto disso, mas é assim que as coisas são. Por isso estou me auto-analisando neste momento.
As pessoas se foram tantas vezes, eu fui tantas vezes. Desde sempre. Desde que eu me conheço por gente as pessoas vão, e depois quem começou a ir fui eu mesma. Aí é que eu me pergunto, pode ter a ver com isso? Sei lá, com isso de que todas as minhas melhores amigas e algumas amigas-não-tão-melhores entre a segunda e a sexta série se mudaram de cidade? É por isso que me falta força de vontade para criar algum laço? Veja bem, o que me falta é a força de vontade. A vontade sozinha eu até tenho.
Tem algumas pessoas que eu até gostaria de me aproximar, mas elas nem sonham com isso e eu não tenho qualquer capacidade de demonstrar. Por nenhum motivo particular, simplesmente não tenho força de vontade o suficiente. Relações dão trabalho e eu não sou muito dedicada, a outra pessoa deveria ser mais dedicada que eu para que as coisas funcionem.
Já ocorreu algumas vezes de eu pensar “essa menina nova que entrou na agencia parece legal, vou ser amiga dela”. Daí um ano depois ela anuncia que tá indo trabalhar em outro lugar e todo meu contato com ela nesse tempo foi um dia meter a mão nas suas costas e dizer “desculpa, tem um cabelo no teu casaco”. Há pouco tempo entrou um designer freelancer que tinha um bom gosto musical e um senso estético interessante, poderia ser um amigo. Depois de um mês chegamos a conversar um pouco, porque no único after que participei (em um ano e meio trabalhando na mesma agencia) eu estava sentada sozinha e bêbada colocando Danny Brown pro povo escutar. Uma semana depois finalizou seu contrato e nunca mais nos falamos. Meu único mais ou menos amigo no trabalho é um venezuelano enorme chamado Nestor, que esta semana deu a entender que também vai embora.
Eu bem que gostaria, mas não vou por a culpa nos argentinos. Ou deveria? Acho que não. Talvez.
Fim da primeira sessão.

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