sexta-feira, 13 de maio de 2016

Um ano portenho


Há um ano eu desembarcava em Retiro com o cabelo oleoso, morta de fome e a cara inchada por ter passado as últimas 24 horas chorando ininterruptamente. Mal conseguia carregar todas as minhas coisas e por sorte logo depois de passar as malas na esteira um remisero já estava a postos me oferecendo seus serviços.
Eu vestia meu casaco de frio polar porque, bem... era maio e era Buenos Aires, mas estava uns 20 graus, um sol de rachar, e eu suando dentro daquilo. Não via a hora de chegar ao hostel para tomar um banho e falar com as pessoas do Brasil. Mal sabia eu que muito em breve não veria a hora de ir embora daquele lugar asqueroso.
Mas foi ali naquela vizinhança, meio Recoleta meio Barrio Norte, que eu fui me perdendo de amores por essa cidade. Por cada rua, por cada prédio, por cada café e por cada árvore que começava a perder as folhas. Depois de mais um dia chorando e achando que tinha tomado a decisão mais equivocada de toda a minha existência, de repente tudo começou a fazer sentido. Era isso mesmo. Era ali mesmo. A grande aventura.
Só que o que eu jamais imaginava naquele 13 de maio era que depois de um ano Buenos Aires realmente seria minha casa, onde eu receberia correspondências em meu nome, onde eu pagaria conta de luz, marcaria consulta médica, sacaria dinheiro no caixa eletrônico. Onde eu teria uma cama me esperando todos os dias depois do trabalho. 

Um comentário:

  1. "Chora tudo hoje e depois volta pro planejamento"
    Eu sabia que ia dar tudo certo.
    =)

    ResponderExcluir