sábado, 27 de fevereiro de 2016

Ahí voy

É engraçado, porque ao mesmo tempo em que eu já sei mais ou menos o que esperar, eu não tenho a mínima ideia do que esperar. Eu já conheço aquelas ruas, aquelas estações, já sei onde ficam os lugares, já sei como é, já sei como pedir, para onde ir, o que fazer, como fazer, o que falar. Já entendi o Subte, já sei qual supermercado tem os melhores preços, já sei quanto custam as coisas, conheço alguns atalhos, algumas pessoas e alguns bares também.
É diferente daquela primeira vez, quando o mais importante era deixar para trás o que eu tinha e ir em busca do desconhecido. Trocar aquele tédio existencial por alguma coisa que eu não tinha a menor ideia do que poderia ser. Eu lembro que eu dizia para as pessoas que mesmo se a experiência fosse uma merda, seria ótimo, porque alguma lição eu tiraria daquilo. Só que foi bem longe ser uma merda, como sabem. E por isso to voltando.
Agora, no entanto, eu já espero algumas coisas. Quer dizer, tenho expectativa de algumas coisas, que por sua vez podem ou não acontecer – o que eventualmente tem me custado algumas horas de sono. Agora eu tenho mais planos e menos dinheiro, o que em um primeiro momento pode parecer estranho, mas na realidade faz muito sentido. Se você não tem dinheiro você é obrigado a fazer alguma coisa que te dê dinheiro. Qualquer coisa, especialmente se você não tem pais que dormem sobre um colchão de dólares, que é o meu caso.
Dessa vez eu volto para algumas coisas que eu deixei. Vou com presentes na mala, que inclusive está bem maior e mais pesada. Agora as roupas são para as quatro estações do ano. E não vou cruzar a fronteira com meu passaporte, porque é como se eu estivesse voltando para minha outra casa.

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