quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Não me sinto


Uma semana. E às vezes eu ainda acho que se eu sair de casa vou andar por Juramento, passar pelas florerías, pelas bancas de jornal, esbarrar com aquele monte de gente no horário de pico e sentir o cheiro de pizza da Kentucky. Talvez porque a rádio Mega fique tocando bandas argentinas a tarde inteira no meu computador. Porque a edição especial de 15 anos da Rolling Stone Argentina, de 2013, esteja ao lado do meu travesseiro. Por eu ter acabado de assistir “La mujer sin cabeza”. Ou porque eu ainda mando mais mensagens em espanhol do que em português no whastapp.
Se eu não tivesse que sair de casa eventualmente para não criar bolor nas juntas eu poderia fingir que nunca deixei aquela cidade, porque minha cabeça... ah, essa sim anda perdida por alguma rua de Belgrano. De Palermo, quem sabe. Ali por Las Cañitas. 
Buenos Aires mudou minha vida e vai continuar mudando. Graças ao que ela me deu eu descobri coisas sobre mim que presa numa rotina e rodeada de gente que me conhece há anos eu jamais descobriria. Ela me fez identificar cada uma das minhas características, cada um dos problemas que carreguei por toda vida e que trouxe comigo para o Brasil para finalmente resolve-los. Buenos Aires me fez finalmente sentir que existe um lugar onde eu posso ser eu, onde eu posso ser quem eu quiser, onde eu posso ser livre, sonhar, fazer, rir sozinha, chorar na rua, me preocupar menos. Um lugar que, se tudo der errado, no fim do dia ainda vai me oferecer exatamente o que eu preciso. Seja uma volta ao redor do lago, uma árvore de amoras, um saco de medialunas ou um espaço livre na barra de algum bar de Palermo.
Os próximos meses serão longos.

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