segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sobre ter um roommate

Mudar de país sozinha me trouxe algumas mudanças de vida não só no sentido cultural da coisa. Veja bem, eu já não morava mais com os meus pais havia dois anos e meio antes de vir a Buenos Aires e há algum tempo já tinha tido a experiência de viver outros dois anos somente com a minha irmã. Mas agora é diferente. Eu tenho um roommate, que não é namorado, que não é da família e que há dois meses eu sequer sabia da existência. Agora eu tenho um irmão mais velho que eu amo e odeio nas mesmas proporções (mentira, odeio muito menos) e que cada dia me ensina uma penca de coisas sobre a vida, às vezes sem querer. Como temos uma convivência bastante peculiar, montei uma compilação de fatores que se chama “Ter um roommate é...”:

- Ficar quatro horas trancafiada em seu quarto porque ele está com uma moça na sala e você não tem a mínima ideia do que eles podem estar fazendo no sofá. Assim, me abasteço com comida o bastante e dou graças a deus que meu banheiro fica a 40 centímetros da minha porta, sem qualquer acesso ou visão da sala.
- Ter que dar a ele os chicletes que você comprou para mascar antes de ir sair com o seu date porque ele arrumou um encontro de última hora e precisava dar um jeito no hálito.
- Estar jogada na cama fazendo nada no meio da tarde e ser surpreendida, após uma batidinha na porta, com aquele café ou aquele sanduíche que você estava imaginando providenciar em breve, quando a preguiça deixasse.
- Ter que passar nome, sobrenome e telefone do date que você conheceu no Tinder e ainda ouvir um “DIRETO PRA CASA DEPOIS DO BAR!” quando você está abrindo a porta para sair.
- Ser beijada, apertada e esmagada de manhã cedo, chegando na cozinha com cara de poucos amigos para tomar café.
- Ter que se acostumar a ver coisas desagradáveis o tempo inteiro, como fotos íntimas quando você o ajuda a passar os arquivos do celular para o computador. E coisas no lixo da cozinha que definitivamente não deveriam estar lá.
- Mudar de quarto antes do café da manhã, ainda de pijama, para contar como foi a noite anterior. Ou para ouvir como foi a noite anterior.
- Fazer coisas e aprender coisas que você nunca imaginou na vida, como pintar um quadro e jogar xadrez.
- Ser acordada de um sono profundo no meio da tarde para ir ver os passarinhos coloridos que fizeram fila na grade da sacada.
- Ter que ajudá-lo a escolher a roupa para sair. E receber a mesma ajuda no dia seguinte. 
- Ter alguém para te levar à Dirección Nacional de Migraciones às 6h30 AM e ainda ficar lá contigo a manhã inteira fazendo análises antropológicas de Peruanos, Bolivianos e Paraguaios.

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