segunda-feira, 13 de julho de 2015

Rock argento

Dois meses depois de eu deixar o Plural do jornal Notícias do Dia para me aventurar por estes lados meu nome voltou a estampar uma de suas páginas. Assinei hoje, no Dia Mundial do Rock e dia em que completo dois meses de vida porteña, um texto sobre o cenário roqueiro local. Como é um dia importante e estou sem tempo de pensar em nada melhor pra escrever aqui, fiquem com ele.


O rock dos hermanos

Los Gatos, Manal e Almendra são bandas que nem de longe soam familiares ao mais roqueiro dos brasileiros, assim como tudo o que desde então tem sido produzido musicalmente no mais hermano de nossos países fronteiriços. E hoje me custa entender o porquê.  Em meados da década de 1960, as três foram responsáveis por idealizar na Argentina os primeiros temas roqueiros em língua espanhola, e ao longo das últimas cinco décadas fizeram escola para outro punhado de grupos que raríssimas vezes conseguiram penetrar o sagrado solo brasileiro para mostrar sua cara.
Hoje, coincidentemente no Dia Mundial do Rock, completo dois meses de incursão na cena argentina, especificamente em Buenos Aires, para onde vim unir as duas das coisas que mais fazem sentido em minha vida: estudar jornalismo de rock. E isso, claro, só seria possível na mais roqueira das cidades latino-americanas.
Aqui os portenhos estão crentes que já sentem os sintomas do que nós brasileiros passamos há muito tempo: a perda de espaço do rock’n’roll para outros ritmos. O que o mantém vivo por esses lados é o mesmo fator que ainda conserva sua chama no Brasil. A diferença é que há muito mais gente disposta a não deixá-lo morrer. Gente abrindo bares de rock, gente montando bandas, gente promovendo shows, gente que respira o rock ocupando emissoras de rádio e televisão, redações de jornais e revistas, salas de universidades, centros culturais públicos e privados, e fazendo a coisa acontecer.
Ainda é muito fácil ouvir rock em Buenos Aires, em qualquer dia da semana em um dos incontáveis bares do gênero ou sintonizando em uma das excelentes rádios que te brindam com um mix de Beatles, Rolling Stones, Ramones, Gustavo Cerati e Foo Fighters em um mesmo bloco. Aqui você liga o rádio e consegue ouvir o novo single da banda de Noel Gallagher. E o novo do Jack White também.
A disponibilidade dos grandes veículos e das casas de shows, da mais underground à superpopular, em receber o rock sem cara feia acaba criando um ciclo vicioso. Novas bandas – e excelentes, diga-se de passagem – continuam nascendo e os ídolos que já se foram jamais saem da memória. Receita de sucesso que nós brasileiros já passamos da hora de reproduzir em casa.

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